ACTIVIDADES COMEMORATIVAS DO 45.º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL
O 25 de Abril, factor de identidade nacional
Parte I
Parte II
Parte III
08 de Março de 2019, Fundação Calouste Gulbenkian
Nesta primeira conferência procuramos debater o 25 de Abril como contributo para a consciencialização e valorização do ser português hoje, como factor positivo que contribuiu e contribui para que os portugueses tenham orgulho em afirmar a sua identidade e nacionalidade e se sintam bem na relação com outros povos e culturas nas mais variadas circunstâncias e condições.
A identidade nacional portuguesa e a consciência dessa identidade foram sendo construídas e adquiridas ao longo da nossa história. Portugal é um Estado-Nação bastante antigo e homogéneo.
No entanto o Portugal pós-colonial é diferente do que era há algumas décadas. A percepção antiga do ser português, de uma história centrada na construção de um império fora da Europa ainda subsiste parcialmente, mas está em alteração. A forte diferenciação relativamente à Espanha também está em transformação, originada pela queda de barreiras e fronteiras anteriormente existentes, possibilitando uma maior ligação ao país vizinho.
Hoje, Portugal e a sociedade portuguesa são influenciados por dois processos supranacionais que se articulam e questionam o Estado-Nação: a globalização e a construção da União Europeia.
Vivemos uma época de enfraquecimento do Estado-Nação por várias vias e processos, a caminho de uma era pós-nacional, mais cosmopolita, financeiramente global, com uma língua franca, o inglês, desenvolvendo-se a várias velocidades, com aumento contínuo das desigualdades, das possibilidades e oportunidades dos diferentes povos e cidadãos, desrespeitando os seus direitos. Verificamos um crescendo de fenómenos de nacionalismo com forte marca ideológica e de autoritarismo político claramente anti-democrático.
O país fechado, autoritário, patriarcal, rural, transformou-se graças ao 25 de Abril, à liberdade e ao desenvolvimento económico. Portugal abriu-se de novo ao mundo. Alterou radicalmente a sua expressão territorial, pondo fim ao império colonial, libertou-se e, do mesmo passo, abriu a porta para a libertação dos povos colonizados, integrando-se no concerto daas nações democráticas.
Passados 45 anos sobre o 25 de Abril, pretendemos debater a evolução da percepção da identidade nacional no país e nas comunidades de portugueses no estrangeiro; o papel do 25 de Abril de 1974 como elemento fundamental de afirmação da identidade portuguesa, não no sentido de uma ideologia nacionalista, mas sim no sentido de um factor patriótico diferenciador dos outros povos e países; de um factor especial de afirmação dos valores democráticos e de reconhecimento do direito de outros povos à escolha das suas próprias vias de desenvolvimento; de um factor de afirmação da escolha consolidada da democracia e do respeito pelos valores humanos; de um factor de valorização dos portugueses no mundo, das suas capacidades na relação com os outros povos e culturas, em contraponto com as relações de competição e domínio que potências ou interesses dominantes do ponto de vista militar ou financeiro procuram impor.
Sinopse
É hoje consensual que o 25 de Abril de 1974, como acto único na História Universal, contribuiu decisivamente para a afirmação de Portugal no conceito das Nações.
Hoje, passados 45 anos, procuramos debater se o 25 de Abril se mantém como factor de consciencialização e valorização do ser Português.
Seja no território nacional, seja no estrangeiro, nas inúmeras comunidades portuguesas que formam a nossa Diáspora, os Portugueses continuam afirmando a sua identidade e nacionalidade, a ver o 25 de Abril como factor diferenciador dos outros povos, de afirmação dos valores democráticos e de respeito pelos valores humanos?
Isto é, como facto de valorização dos Portugueses no mundo?
Participantes
Ana Lourenço
Jornalista. Estudou Antropologia e trabalhou na TSF, na TVI e na SIC Notícias onde fez dupla com o jornalista João Adelino Faria na apresentação dos noticiários nocturnos. Em 2016, mudou-se para a RTP 3, para apresentar o programa 360º.
Fernando Rosas
Historiador. Professor Catedrático Jubilado do departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Foi fundador do MRPP e do Bloco de Esquerda e deputado à Assembleia da República. Tem uma vasta obra publicada sobre História de Portugal do Século XX. É comentador do programa Prova dos Nove, na TVI24.
Francisco Seixas da Costa
João Bosco Mota Amaral
Candidato do PSD às eleições para o Parlamento Europeu. Foi deputado à Assembleia Nacional e fundador do PPD/PSD, em 1974. Deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, da qual foi Presidente entre 2002 e 2005, foi Presidente do Governo Regional dos Açores entre 1976 e 1995 e Conselheiro de Estado. Licenciado em Direito, especializou-se em questões de direito administrativo e fiscal.
José Manuel Sobral
Investigador Principal do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Doutorado em Antropologia pelo ISCTE-IUL, foi presidente da Associação Portuguesa de Antropologia. É autor de uma vasta obra. Em 2012, publicou Portugal, Portugueses: uma identidade nacional (Fundação Francisco Manuel dos Santos).
José Pacheco Pereira
Historiador. Foi deputado pelo PSD à Assembleia da República, líder parlamentar e presidente da comissão política distrital do partido. Foi deputado e vice-presidente do Parlamento Europeu. Assina uma coluna no jornal Público e é comentador do programa Circulatura do Quadrado, na TVI24. Fundou a Ephemera, biblioteca e arquivo de José Pacheco Pereira.
Luisa Maria N. Moura e Silva
Ildefonso Octávio Severino Garcia
Emigrante português no Brasil desde 1962, foi colaborador do Portugal Democrático e participou no Movimento de Unidade Democrática de São Paulo. Engenheiro civil e de Segurança no Trabalho, é membro do Conselho Regional de Engenharia de São Paulo e da Ordem de Engenheiros de Portugal. Foi conselheiro das Comunidades Portuguesas, é membro consultor do consulado de Portugal em São Paulo e presidente do Centro Cultural 25 de Abril.
Manuel Martins Guerreiro
Contra-almirante na reforma. Capitão de Abril. Foi chefe de gabinete do Chefe do Estado-Maior da Armada (1974-1975) e Conselheiro da Revolução (1975-1982). É sócio-fundador da Associação 25 de Abril e director da revista da A25A, O Referencial.
Maria Flor Pedroso
Jornalista. Licenciada em Sociologia, integrou as redacções da Rádio Comercial, TSF e Antena 1, onde foi editora de política. É directora de informação da RTP desde Outubro de 2018.
Maria Manuela Cruzeiro
Investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, foi também investigadora do Centro de Documentação 25 de Abril da mesma universidade, onde desenvolveu um amplo trabalho de recolha de memórias de militares de Abril. Estas entrevistas foram, posteriormente, publicadas em livro.
Miguel Real
Escritor, ensaísta e filósofo. Professor de Filosofia no ensino secundário. Tem uma vasta e variada obra publicada. Em 2006, recebeu o Prémio Literário Fernando Namora. Colabora no Jornal de Letras, Artes e Ideias.
Vasco Lourenço
Coronel de Infantaria na reforma. Capitão de Abril, foi membro da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas, do Conselho de Estado, Conselho dos Vinte e do Conselho da Revolução. Primeiro subscritor do «Documento dos Nove», Comandante da Região Militar de Lisboa (1975-1978), é presidente da direcção da Associação 25 de Abril, da qual é fundador.